Como funciona?
"Sempre que se angaria a totalidade do pedido de empréstimo são celebrados múltiplos contratos de mútuo com garantia real hipotecária diretamente entre as pessoas e os beneficiários dos empréstimos." O retorno anual bruto prometido ronda aos 6% e 9% com risco de perda total ou parcial do capital investido, estando "a taxa média bruta alcançada até ao momento nos 7,55%", indica o fundador Bruno Libreiro, avançando que desde o seu lançamento há cerca de meio ano, a Portugal Crowd realizou 18 oportunidades de investimento, financiando mais de 200.000 euros. "Em média, cada investidor aplica cerca de 100-150 euros numa oportunidade." No futuro, pretendem "atingir os 7000 investidores até ao final do ano e meio milhão de empréstimos obtidos por via da plataforma." Será este um bom investimento para quem empresta? Para Vítor Reis, diretor da ESAI (Escola Superior de Atividades Imobiliárias), convidado a analisar a Portugal Crowd, "a remuneração prevista pode considerar-se conservadora, tendo em conta a possibilidade de perda total ou parcial do capital". Faz a comparação com a rentabilidade dos fundos de investimento mobiliário em Portugal que, no último ano, segundo Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios, foi de 15% em média. Quanto às garantias, Vítor Reis, deixa o alerta: "Os investidores deverão ter cuidado em analisar se existem outros credores preferenciais sobre o mesmo imóvel ou empresa, de forma a terem a certeza que a garantia prestada poderá efetivamente ressarcir o capital investido." Apesar de tudo defende que o crowdfunding imobiliário pode ser um complemento a outras formas de financiamento. Credibilidade ameaçada O financiamento colaborativo de capital ou empréstimo é uma das modalidades previstas no enquadramento legal que rege o crowdfunding em Portugal. Contudo, esse regulamento da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está pendente enquanto não for publicado o regime sancionatório, lê-se no site do supervisor dos mercados financeiros. Mesmo quando o quadro legal estiver definido, pouca diferença fará à Portugal Crowd. É que, segundo o seu fundador, a regulamentação da CMVM não se aplicará, uma vez que "se trata de uma plataforma de crowdlending e não de crowdfunding". Para Bruno Libreiro a distinção está em ter ou não guarda de valores, sublinhando que "a Portugal Crowd não faz custódia de valores". Assim, "todas as operações de pagamentos, transferência e receção de fundos são asseguradas pela Lusopay, que é uma instituição de pagamentos autorizada e supervisionada pelo Banco de Portugal."